No final de 2022, escrevemos brevemente neste espaço sobre uma tendência que se apresentava forte no turismo para o ano de 2023: o setjetting, uma brincadeira de letras na língua inglesa com a expressão jetsetting, que é o ato de viajar por prazer, geralmente por pessoas de altíssimo nível aquisitivo. O setjetter, por sua vez, viaja também por prazer, mas pelo prazer de encontrar e viver locais que ele só conhece pela teledramaturgia, notadamente o cinema e a televisão.
As razões pelas quais a tendência explodirá este ano coincidem muito com a maior parte das tendências do turismo de maneira geral. O hiato de dois anos a que fomos submetidos nos colocou grudados (e apaixonados) por programas de TV, séries e filmes. Aliado a isso, a expansão da internacionalização da programação da Netflix e outras plataformas de streaming descentralizou drasticamente os programas de TV favoritos do mundo todo – de fato, uma pesquisa da própria Netflix indicou que 70% da programação assistida se passa em território estrangeiro ao do usuário. Além disso, essa expansão reduziu a concentração de sets de filmagem, antes principalmente localizados em Los Angeles. Duas séries que têm dado o que falar, “The White Lotus”, por exemplo, tem cenas gravadas no México, na Austrália, em Oman e Maldivas, e “The Last of Us” foi gravada no Canadá.
Seja definindo o seu destino de férias, planejando passar pelo set de filmagem do programa preferido, ou apenas tomando conhecimento a localização de uma cena específica em um city tour normal, a influência do cinema e da televisão sempre existiu. Agora a proporção atinge qualquer lugar no planeta e o nível de força das telas quase ultrapassa, segundo pesquisa da Expedia, a dos amigos e familiares – historicamente a principal influência no processo decisório de destinos turísticos. Cabe aos empreendedores do setor aproveitarem quando a sorte (ou os produtores cinematográficos) bater à porta.
Em janeiro do ano passado, a Tailândia, astutamente, decidiu reabrir Maya Bay, a praia mais famosa do cinema, local onde foi gravado o filme “A Praia”, de 2000, estrelado por Leonardo DiCaprio. Foram mais de três anos fechada para permitir que seu ecossistema se recuperasse do impacto das visitas diárias. Com a natureza se curando aos poucos, centenas de tours levam os turistas até a praia, na ilha de Ko Phi Phi Leh, em pleno Mar de Andaman – um ganho para as agências, que garantem lucro com um roteiro que faz parte do imaginário de milhares de turistas, e um ganho para os visitantes em busca de uma foto que faça Maya Bay parecer saída das lentes de Hollywood.
A busca por conteúdo autêntico será uma realidade, portanto o profissional de turismo que desejar se envolver com esse nicho precisará de tempo de dedicação para a pesquisa, contatos no meio, atualização constante e uma capacidade de lidar com a frustração de que eventualmente todo esse tempo investido pode resultar pouco se determinado show for uma moda passageira (diferente do que vemos em Maya Bay). A recompensa, entretanto, para quem conseguir entregar um conteúdo exclusivo, único e intimista pode ser uma lucratividade tremenda sobre o seu investimento de tempo e, quem sabe, uma boa fila de espera para os tours.
No Brasil, alguns exemplos de produções que podem chamar a atenção dos viajantes são as novelas com locações externas, que não dependam de acessos às instalações das emissoras. A série 3%, uma das mais bem-sucedidas produções brasileiras em plataformas de streaming, tem cenas gravadas em diversos lugares do país, como São Paulo, particularmente a Arena Corinthians, Vila Madalena e Heliópolis. Inhotim, em Minas Gerais, e Dunas do Rosado, em Porto do Mangue, Rio Grande do Norte são outros lugares onde a série esteve presente.
Acha que um tour setjetter pode ser a sua? Dê uma olhada no aplicativo SetJetters ou aprofunde a pesquisa em sua região. E sempre conte com o iFriend para te ajudar na jornada!
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